Enquanto murais e grafites são formas de expressar a arte, do lado oposto, a pichação é um ato de vandalismo. “Os pichadores são condenados em nossa cidade. Vamos fiscalizar e punir. Queremos arte.”
Assim disse o prefeito João Doria em entrevista sobre o tema. Ele, inclusive, já sancionou o projeto de Lei 56/2005 que multa quem for pego pichando.
Tudo teve início quando, no ímpeto de combater a poluição visual e deixar a cidade mais bonita, através do projeto “Cidade Linda”, Doria acabou criando um impasse quando alguns grafites foram apagados na cidade. Entre eles, estava o mural do artista Kobra, na Avenida 23 de Maio, que mostrava a cidade antiga entre os anos de 1920 e 1930.
Então veio o anúncio da criação do programa “Museu de Arte de Rua”, que propõe a cada três meses a liberação de muros públicos e privados para a realização de grafites. O programa começará no centro de São Paulo e caberá à pasta da Cultura fazer a curadoria dos artistas, que receberão uma remuneração, além de tintas.
Mas e quanto aos pichadores? Haveria uma alternativa para fazer com que este tipo de problema fosse combatido de outra forma, além da punição, fazendo com que estas pessoas deixassem de praticar este ato de vandalismo?
Para o artista plástico André Campos, o “Hulk”, a solução teria início com a criação de um curso profissionalizante pela Prefeitura. “Se me dessem a chance, falaria sobre isso com o Doria. Oferecer a oportunidade de poder passar todas as informações que sei para aqueles que querem aprender as técnicas desta arte, que é o grafite, e se tornarem artistas plásticos profissionais.”
Na opinião de Hulk isso atrairia os pichadores. “A grande maioria tem o desejo de se tornar grafiteiro, de viver desta arte. É preciso transmitir o legado. Tem muito pichador que sabe desenhar, mas não sabe ou não tem condições de entrar no mercado. Também falta a técnica. Hoje não há nenhum curso voltado para se tornar um grafiteiro”, destacou Hulk. O Jornal Desenvolve Itaquera não só concorda como também apoia todo pichador que queira expressar a verdadeira arte tornando-se grafiteiro através de cursos gratuitos ministrados por nossos parceiros.
LIBERAÇÃO
Outra mudança que faria a diferença seria a liberação, pela Prefeitura, de espaços públicos para os grafiteiros comerciais mostrarem a sua arte, com assinatura e telefone, como acontece nas fachadas particulares. “Sendo tudo profissional, organizado, atrairia ainda mais pessoas a deixarem a pichação e participarem do curso para se profissionalizarem. Quem vai querer pichar o muro que pode servir de vitrine para o seu trabalho?”
O artista plástico disse ainda que está à disposição para ajudar a comissão de trabalhos da Prefeitura para reorganizar os grafites da cidade. “Seria realmente para ajudar, agregar e dar ideias. Tem muita gente com potencial que está perdida. Por isso a importância deste curso de profissionalização em parceria com a Prefeitura. Com certeza veríamos bem menos pichações na cidade. Mesmo porque ninguém irá querer depredar a arte do amigo”, observa Hulk, que tem trabalhos na Avenida Jacu-Pêssego, Rua Sábbado D’Angelo, no Conjunto José Bonifácio, entre outros endereços no bairro.
QUEM PERDE?
“Eu, assim como muitos grafiteiros, aprendi a arte do grafite na ‘raça’. No início apanhei muito até acertar. Com seis anos de idade já desenhava e reproduzia bonecos de desenhos animados em papelão. Sei o quanto é difícil. E, de todo este impasse formado, quem está perdendo é a cidade como um todo. A vítima acaba sendo a arte.”
O senso comum é de que o grafite é uma arte que é baseada em desenhos: todas as letras e figuras que são utilizadas na pintura são pensadas e elaboradas para que representem aquilo que o artista quer mostrar. Já a pichação é o ato de escrever ou rabiscar, e por isso é considerada vandalismo e contestada por muitas pessoas.
Discusão sobre post