Prefeito Regional de Itaquera é exonerado

Entidades apontam falhas na gestão

Um ano e sete meses depois de estar à frente da Prefeitura Regional Itaquera, Jacinto Reyes deixou o cargo no dia 2 de julho, quando foi publicada a sua exoneração no “Diário Ocial do Município”. A decisão foi tomada pelo prefeito Bruno Covas, que colocou em seu lugar Jamil Yatim. Assim como aconteceu na região, também ocorreram mudanças administrativas em outras regionais e secretarias. O Jornal Desenvolve Itaquera acompanhou a gestão municipal desde que o itaquerense Jacinto Reyes assumiu o posto, em janeiro de 2017. No tempo em que esteve no cargo, muitas foram as reclamações registradas, principalmente quanto à zeladoria. Líderes de Entidades, formadores de opinião e moradores dos distritos de José Bonifácio, Itaquera, Parque do Carmo e Cidade Líder, ainda aguardam por ações simples, como a manutenção de uma praça, por exemplo, até o apoio para a realização de grandes projetos junto às secretarias correspondentes.

APOIO
Como já publicado neste periódico, o ano de 2017 para muitas lideranças foi de conquista por ter à frente de um cargo tão importante uma pessoa da região. Era a oportunidade de fazer do bairro um lugar melhor para residir, trabalhar e investir.
Entre as Entidades que deram suporte a então gestão, destaque para a Câmara dos Dirigentes Lojistas de Itaquera (CDLI), o Núcleo de Desenvolvimento de Itaquera (NDI) e a OAB Itaquera. Apoio este que começou bem antes mesmo da posse do prefeito regional, quando seus líderes souberam que o então prefeito João Doria estava dando a oportunidade às Entidades de bairro de indicarem nomes para assumir as regionais.
Com o passar dos meses do novo governo, as reclamações quanto às demandas não atendidas pela Prefeitura Regional Itaquera começaram a aumentar. Na tentativa de saber o que estava acontecendo e de estreitar o diálogo com o então regional, a direção da CDLI realizou uma reunião em sua sede e convidou Jacinto Reyes, que compareceu. Na oportunidade, a reportagem acompanhou as declarações sobre as reclamações que a Entidade vinha recebendo e a entrega do documento com as cinco prioridades eleitas pela CDLI para ajudar no desenvolvimento do bairro.
Mais tarde a equipe apurou que o apoio apontado inicialmente não se consolidou. Os integrantes da Entidade revelaram que a falta de diálogo aumentou e que outras pessoas também reclamavam da dificuldade em agendar uma conversa com o administrador do bairro. Entre as principais queixas estavam a falta de zeladoria e de atendimento às demandas apresentadas.

PRAZOS PERDIDOS
Fontes ligadas ao jornal relataram que os contratos de zeladoria não foram rmados porque os prazos haviam sido perdidos. Por isso o bairro não estava com a limpeza em dia. O assunto chegou a ser questionado com o prefeito Bruno Covas, durante visita à região, que respondeu que o próprio regional trazia a boa notícia que, um ano e meio depois, Itaquera estava bem perto de ter a sua própria equipe de trabalho.
Outra reclamação que também já foi alvo de publicação do Jornal Desenvolve Itaquera é com relação à falta de scalização. Como consequência, está ocorrendo um aumento no número de vendedores ambulantes e também do descumprimento da Lei Cidade Limpa. Outra queixa que chegou à reportagem e resultou em matéria diz respeito à Praça da Estação.
A CDLI, por mais de uma vez,dis se ter entrado em contato com a Prefeitura Regional Itaquera para que o local voltasse a ser um centro gastronômico. Pedido este que não foi atendido e ainda resultou, de acordo com a Entidade, “na invasão de funcionários da Prefeitura que por ordem do prefeito regional, arrombaram o compartimento devidamente trancado com cadeados e retiraram os cilindros de gás e seus registros, apropriando-se indevidamente dos mesmos, levando-os para local inapropriado, e sem o devido auto de apreensão”. O que possibilitou a Entidade a fazer um Boletim de Ocorrência de invasão de domicílio, arrombamento e apropriação indébita, atitudes essas que serão apreciadas em competente processo criminal e eventuais danos morais e materiais a Entidade. Segundo ainda a
CDLI, este ato comprova o violamento do que era de responsabilidade da empresa Ultragaz (responsável pelas instalações existentes) e das Entidades pelo uso dos mesmos. Outra queixa da CDLI contra a regional diz respeito à demolição de uma edicação, também na Praça da Estação, que estava sendo construída pela Entidade para ser ofertada à polícia e servir como base policial. A CDLI solicitou ao então prefeito regional a autorização para a conclusão da obra, “pedido que foi posteriormente negado sem justicativa satisfatória para a demolição do esqueleto da base,
o que demonstrou falta de comprometimento com a segurança do centro comercial e moradores do bairro.”

SEM ADOÇÃO E REINTEGRAÇÃO
Os integrantes da CDLI ainda contaram à reportagem que até hoje aguardam pela liberação de adoção de dez praças em Itaquera, cujos pedidos até hoje não foram atendidos. De acordo com as informações, a regional chegou a alegar que os pedidos não estavam de acordo com os critérios estabelecidos, mas a Entidade rebateu dizendo que tudo o que foi pedido foi, sim, atendido. Outro assunto polêmico que envolveu a então gestão é com relação às ações de
reintegração de posse no Parque Savoy. As ações ocorreram por duas vezes e moradores disseram que não foram avisados. Chegou a informação à Câmara dos Dirigentes Lojistas de Itaquera que as casas estariam em terreno particular, e não municipal, o que inviabilizaria a ação. Em contato com a regional, a mesma informou que “a ação
do dia 05/06/18 foi realizada em função de crime ambiental com desmatamento e queimada para parcelamento irregular do solo e construção de moradias igualmente irregulares. Segundo moradores e Entidades, “As informações prestadas pela regional são improcedentes e inverídicas, pois os mesmos estavam em área particular há cinco anos. Desta forma, a demolição ocorreu de forma ilegal e sem nenhum mandado judicial, e os mesmos já ingressaram com ação na Justiça.”

E AS OBRAS INACABADAS?
Desde que a Copa de 2014 aconteceu, Itaquera sofre com umasérie de obras inacabadas e outras que sequer saíram do papel. Nestesentido, muitas lideranças passaram a se queixar da falta de apoio do regional em intermediar diálogos
com as secretarias responsáveis,para debater estes assuntos.
Entre as propostas sem respostas até então estavam: a implantação do sistema binário de trânsito; a continuidade do Parque Linear Rio Verde; a efetiva formalização do terreno para a construção do Fórum de Itaquera; o combate às enchentes; a de umagente na sede da prefeitura regional para esclarecer sobre os incentivos fiscais; e a retomada dos diálogos para colocar em prática o Polo Tecnológico Itaquera.
Recentemente, integrantes da CDLI e da OAB Itaquera conseguiram, através do vereador Alessandro Guedes, um encontro com o coordenador regional da Leste II, Oziel de Souza, para relatar todos os problemas administrativos
e cobrar apoio para que respostas fossem dadas às reivindicações e do porque muitas das obras não tiveram continuidade. No momento do encontro, ainda foi entregue uma cópia do documento endereçado ao Ministério Público, quanto às principais reclamações e problemas que estavam ocorrendo na Prefeitura Regional Itaquera. Após a reunião,o coordenador da Leste II cou de dar um retorno acerca das reivindicações e denúncias no prazo de uma semana – o que não ocorreu até o presente momento. Para a CDLI, isso demonstrou descaso com as Entidades e o bairro de Itaquera.
Na segunda quinzena de junho, as Entidades conseguiram uma reunião através do deputado estadual Estevam Galvão, com o presidente da Câmara Municipal, o vereador Milton Leite, para debater sobre os mesmos temas levantados junto ao coordenador regional. Inclusive, além das demandas de moradores não atendidas, e do material anexado pela Entidade, eles pleitearam o retorno da Prefeitura Regional Itaquera ao seu antigo endereço.
De acordo com as argumentações, além da Prefeitura deixar de pagar aluguel ao voltar à sua antiga sede, que ca na Rua Gregório Ramalho, ela ajudará a alavancar o comércio do centro do bairro.
Com o dinheiro gasto com o aluguel, o município poderia reverter esta quantia para outras ações de zeladoria e obras. Ainda segundo os integrantesda Câmara dos Dirigentes Lojistas de Itaquera, no momento do encontro eles perceberam que o vereador Milton Leite, na ocasião ocupando a posição de Bruno Covas, estava a par de tudo que estava acontecendo, que iria avaliar todas as demandas de projetos e obras que estavam paradas ou precisando de uma avaliação, e adiantou que mudanças estavam por acontecer na região.

NOVA OPORTUNIDADE?
Será este um recomeço para Itaquera? A tão esperada reorganização viária terá continuidade?As obras de combate às enchentes sairão do papel? Os terrenos com indicações de desapropriações serão reavaliados? A Jacu-Pêssego terá a sua zeladoria revista, assim como vários outros locais? Os bairros dos distritos terão ruas melhores? Os córregos terão suas margens refeitas por estarem sendo consumidas pelas erosões? As ruas serão melhores iluminadas? As praças serão conservadas? Estas são algumas das perguntas que os moradores dos distritos do José Bonifácio, Itaquera, Cidade Líder e Parque do Carmo, assim como suas Entidades e lideranças, esperam ansiosamente que sejam respondidas na prática. Será que agora vai? Continuaremos de olho e acompanhando.

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