Sérgio Moro pede demissão

Ministro anunciou, em entrevista coletiva, a sua saída do Ministério da Justiça e Segurança Pública

Sergio Moro disse que continuará à disposição do País

Sergio Moro disse que continuará à disposição do País

Na manhã desta sexta-feira, 24 de abril, Sérgio Moro anunciou, em entrevista coletiva, a sua saída do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Entre os motivos que o levaram à tomada da decisão, está a exoneração de Maurício Valeixo, agora ex-diretor-geral da Polícia Federal, sem uma causa consistente que a justificasse, além da intenção de outras trocas dentro da Polícia Federal que poderiam trazer uma interferência política e um impacto negativo nos trabalhos realizados pela instituição. “O grande problema não é quem entra, mas porque ele entra”.
Moro ainda avaliou que não era a intenção de Valeixo deixar o cargo, e que ficou sabendo da exoneração através do Diário Oficial. “Sinceramente fui surpreendido.”
Ele também declarou não se sentir mais confortável no cargo e por isso achou melhor pedir demissão. “Agradeço a nomeação pelo presidente. Fui fiel a esse compromisso. Mas não tenho como prosseguir no cargo sem ter condições de preservar a autonomia da Polícia Federal.”
Ao assumir o ministério, Sérgio Moro deixou para traz 22 anos de magistratura. “Sabia dos riscos. Agora vou descansar um pouco e mais adiante procurar emprego. Sempre vou estar à disposição do País, para ajudar no que quer que seja, sempre respeitando o mandamento do Ministério da Justiça e da Segurança Pública nesta gestão, que é fazer a coisa certa, sempre”, finalizou a entrevista.
TRAJETÓRIA

Graduado em Direito pela Universidade Estadual de Maringá em 1995, Sérgio Fernando Moro concluiu o mestrado e o doutorado na Universidade Federal do Paraná.
Especializou-se em crimes financeiros e tornou-se juiz federal em 1996. Nessa função, trabalhou em casos como o escândalo do Banestado e a Operação Farol da Colina. Também auxiliou, no Supremo Tribunal Federal, a ministra Rosa Weber durante o julgamento dos crimes relativos ao escândalo do Mensalão.
Moro ganhou enorme notoriedade nacional e internacional por comandar, entre março de 2014 e novembro de 2018, o julgamento em primeira instância dos crimes identificados na Operação Lava Jato que, segundo o Ministério Público Federal, é o maior caso de corrupção e lavagem de dinheiro já apurado no Brasil, envolvendo um grande número de políticos, empreiteiros e empresas, como a Petrobras, a Odebrecht, entre outras.
Em 12 de julho de 2017, condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a nove anos e seis meses de prisão, sendo essa a primeira vez na história do Brasil em que se condenou criminalmente um ex-presidente da República, decisão esta mantida em segunda instância. Sua atuação na condução da Lava-Jato rendeu-lhe prêmios e críticas.
Em novembro de 2018, aceitou ser Ministro da Justiça e Segurança Pública no governo do presidente eleito Jair Bolsonaro, tendo pedido exoneração do cargo na magistratura. Em 20 de novembro de 2018, foi nomeado Coordenador do Grupo Técnico de Justiça, Segurança e Combate à Corrupção do Gabinete de Transição Governamental, e tomou posse como ministro em 1° de janeiro de 2019.
O Ministério da Justiça acumulou responsabilidades do Ministério do Trabalho, que foi extinto no governo Bolsonaro, tais como as competências de concessões de cartas sindicais e fiscalização de condições de trabalho.

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