Cerca de um quarto da população mundial adulta é afetada por uma doença silenciosa, chamada esteatoose hepática não alcoólica (EHNA). De acordo com pesquisas, essa será a maior causa de doença hepática crônica do mundo, chegando a acometer até 46% dos adultos e será ainda a maior causa de transplante hepático no mundo, superando a hepatite C. Diante de informações tão alarmantes, por que muitas pessoas negligenciam a esteatose?
Gastroenterologista no São Cristóvão Saúde, a dra. Tabata Cristina Alterats Antoniaci explica que a definição científica para essa doença é o acúmulo de lipídeos (substrato da quebra da gordura) nos hepatócitos (células do fígado) e, por tal razão, possui o nome popular de “gordura no fígado”. Dentre as causas estão obesidade, dislipidemia, diabetes mellitus (DM) e Síndrome Metabólica. Tais alterações podem impactar na glicemia e até a evolução para fibrose, levando a hepatopatia crônica, conhecida como cirrose hepática.
“É uma doença silenciosa, que pode evoluir sem nenhum sintoma e, quando descoberta, geralmente por meio de sintomas como aumento da sede ou manchas negras em locais de dobras no corpo, nos diabéticos, ou aumento da circunferência abdominal em pacientes com síndrome metabólica, o quadro já pode estar avançado”, exemplifica Tabata.
Desse modo, o diagnóstico ocorre incidentalmente em exames de rotina, como laboratoriais e sanguíneos periódicos. Assim, sempre enfatizamos aos pacientes a importância de um “check up” de rotina”, salienta a especialista.
GRUPOS DE RISCO
O grupo de risco é vasto e está crescendo, por ser associado ao “combo” de mal do século: a má alimentação, sedentarismo e obesidade e suas complicações.
Causas primárias (causam efeito direto no fígado):
– obesidade
– resistência a insulina (popularmente chamado de “pré-diabetes”)
– dislipidemia (colesterol e triglicerídeos alterados)
– diabetes
– hipertensão arterial sistêmica
– síndrome metabólica – presença de 3 ou mais dos seguintes fatores ( obesidade central (aumento da gordura no abdômen), hipertensão arterial, dislipidemia e diabetes).
Causas secundárias (afetam indiretamente o fígado):
– Medicamentos: amiodarona, corticosteróides, estrógenos, tamoxifeno.
– Toxinas ambientais: produtos químicos
– Esteróides anabolizantes
-Cirurgias abdominais: bypass jejuno-ileal, derivações bilio-digestivas.
Em casos mais graves, quando há hepatopatia crônica, já na fase final da esteatose, é quando a fibrose hepática já está instalada no fígado.
“Hemorragias podem ocorrer principalmente pela boca, chamada hemorragia digestiva alta que, de um modo geral, é causada pela ruptura de varizes de esôfago ou gástricas; devido ao aumento da pressão das veias e inclusive esôfago e estômago, e essa pressão leva a hemorragia”, pontua a gastro. A confusão mental também é um dos sintomas e acontece pelo acúmulo de amônia e sua dificuldade em ser eliminada pelas fezes. “Para evitar essas complicações, o paciente hepatopata deve ser acompanhado de perto por uma equipe multidisciplinar, guiada pelo gastroenterologista ou hepatologista”, complementa a médica.
TRATAMENTO
Não existe medicamento que reduza a gordura do fígado. Desse modo, de acordo com a dra. Antoniaci, o tratamento deve ser individualizado e baseado nos achados dos exames realizados durante o diagnóstico, primeiramente com foco no fator desencadeante da doença, resultando em uma possível regressão da doença.
“A base do tratamento é a mudança de hábitos e estilo de vida, com a melhora do padrão alimentar e atividade física, levando à perda de peso, diminuição da circunferência abdominal e estabilização dos níveis dos exames alterados”, finaliza a especialista do São Cristóvão Saúde.
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