Andar de bicicleta na cidade, disputando espaço com motos, carros, ônibus e caminhões, ainda parece arriscado ou muito perigoso para a maioria dos moradores. Em função disso, a Prefeitura decidiu ampliar o número de ciclofaixas e ciclorrotas em vários bairros para que os ciclistas pudessem utilizar suas bikes não só para o lazer, mas também como alternativa de transporte entre a residência e um modal de integração, como terminais de ônibus e estações de trem e Metrô.
O objetivo é fazer com que as pessoas se exercitem e utilizem mais o transporte público, ao invés de tirar os carros das garagens. A medida, teoricamente, tornaria a cidade menos violenta, principalmente em relação ao trânsito. Além disso, promoveria uma revolução educacional, de cultura e de hábitos. Todo o projeto e as discussões em torno do uso das bikes já duram anos e, mesmo assim, ainda não se vê uma ocupação progressiva das bicicletas nas ruas e avenidas.
Pelo visto, faltam ações efetivas e o desrespeito só aumenta. A verdade é que a cidade estagnou nesse sentido. A maioria dos ciclistas permanece nas ciclovias, que são espaços confinados. As ciclofaixas e ciclorrotas ficam praticamente vazias. Primeiro por serem invadidas pelos condutores de veículos. Depois pelo fato de não haver campanhas educacionais. O poder público dá a entender que basta criar o equipamento e todo o resto se resolve sozinho.
O tempo passa e a cidade continua privilegiando o transporte individual. Os roteiros para as bicicletas são falhos e, muitas vezes, inoperantes, apesar da incessante luta de grupos que defendem a utilização das bikes não só para lazer. Por outro lado, será que os fabricantes das “magrelas” ou “camelos”, como se diz na gíria, recebem algum tipo de benefício em impostos? Será que a Secretaria de Mobilidade tem ideia do valor de determinadas bicicletas? Algumas pessoas precisam contratar empresas de seguro para o caso de furtos ou roubos.
Ou seja, para se criar uma cidade mais humana existe a necessidade de se pensar em todos os detalhes. Os caminhos direcionados às bikes estão com a manutenção em dia? Os locais possuem placas de sinalização, os pisos estão pintados e a iluminação pública está de acordo com as exigências de uma mobilidade segura?
Tudo isso e outras condições de segurança devem prevalecer dentro de um contexto de trânsito. Se isso não for possível, a ideia de querer propagar uma metrópole acolhedora, moderna e digital vai por água abaixo. Por mais que a Prefeitura divulgue essa realidade para outros estados e países, como forma de atrair investimentos, quando as pessoas interessadas chegarem à cidade vão descobrir a verdade.
O modelo de transporte com o uso de bikes pode ser uma realidade para o futuro, pois hoje ela é questionável do ponto de vista qualitativo e de defesa à vida dos ciclistas.
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