UBS de São Miguel ganha miniflorestas

Unidade da Zona Leste foi a segunda a receber o plantio de árvores frutíferas e ervas medicinais; iniciativa é do Programa Ambientes Verdes e Saudáveis (PAVS), em parceria com a ONG Formigas-de-Embaúba

Imagine chegar a uma Unidade Básica de Saúde (UBS) e encontrar, ao lado dela, um espaço repleto de árvores frutíferas, espécies nativas da Mata Atlântica e ervas medicinais. Na UBS Cidade Nova São Miguel, na Zona Leste de São Paulo, esse cenário começou a ser construído em outubro, com o plantio de 150 árvores de 40 espécies em uma área de 300 metros quadrados.

Elas formarão uma minifloresta urbana, que, assim como outras espalhadas pela cidade, contribuirá para a regeneração dos ecossistemas e a mitigação das mudanças climáticas.

A ação é resultado de uma parceria entre o Programa Ambientes Verdes e Saudáveis (PAVS) — iniciativa pioneira da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) — e a ONG Formigas-de-Embaúba, vencedora do Prêmio Empreendedor Social 2025 na categoria Soluções que Inspiram.

A organização, que já plantou quase duas mil árvores de 134 espécies diferentes junto a 8 mil estudantes da rede municipal, vem transformando escolas e agora unidades de saúde em ambientes mais verdes e educativos.

Plantio e biodiversidade

Na UBS Cidade Nova São Miguel foram plantados pés de acerola, figo, goiaba, moringa, romã, urucum, jenipapo, cabeludinha, limão-cravo e cambuci, além de ervas como babosa, boldo, capim-limão, manjericão, lavanda, melissa, erva-cidreira e arnica.

“Ter mais árvores significa menos calor, mais saúde e uma vida mais sustentável para a comunidade”, destaca Patrício Gomes Moreira, coordenador do Pavs. Segundo ele, a iniciativa se soma ao programa Avança Saúde Ambiental, que, em parceria com a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, já plantou 4.825 mudas até setembro, dentro da meta municipal de 120 mil árvores até o fim do ano.

O diretor da Formigas-de-Embaúba, Rafael Ribeiro, explica que a minifloresta se diferencia de um bosque tradicional por seu adensamento: diversas espécies convivem juntas, criando um ambiente favorável à biodiversidade e equilíbrio ecológico. “Além de reduzir a temperatura e purificar o ar, ela produz alimentos e ervas medicinais, e ainda serve como espaço de convivência comunitária”, afirmou.

Pulmão verde comunitário

A gestora da UBS, Ana Claudia Pinheiro Padilha, enfatiza que áreas verdes promovem bem-estar e saúde mental. “O Pavs mostra que saúde não se restringe ao atendimento clínico, mas inclui o cuidado com o território e o meio ambiente”, diz.

Moradores e pacientes também participaram do plantio. A babá Mariana Belmonte, por exemplo, levou os filhos e se emocionou ao recordar as frutas da infância: “Lembrei da casa da minha mãe, onde tinha amora, manga, limão, goiaba…”.

Para o gestor local do Pavs, Almir Amorim, a minifloresta, além de contribuir com o meio ambiente, funcionará como espaço terapêutico, educativo e de convivência comunitária, podendo se integrar futuramente à mata ciliar do córrego nos fundos da UBS, formando um corredor verde.

Expansão do projeto

A primeira unidade de saúde a receber uma minifloresta foi a UBS Jardim Guarujá, na Zona Sul, em 2024. O sucesso do projeto vem inspirando novas adesões em outras regiões da cidade.

Segundo o gestor local Bruno Saito, “um espaço antes sem uso renasceu, encantando a comunidade e sendo utilizado em atividades educativas com escolas da região”.

Programa Ambientes Verdes e Saudáveis

Criado em 2008, o PAVS integra a Estratégia Saúde da Família e atua em seis eixos: horta e alimentação saudável; água, ar e solo; agenda ambiental na administração pública (A3P); biodiversidade e arborização; gerenciamento de resíduos; e revitalização de espaços públicos.

Com 341 agentes de promoção ambiental e mais de 10 mil agentes comunitários de saúde envolvidos, o programa soma 319 projetos ativos e mais de 23 mil atividades coletivas realizadas apenas entre janeiro e julho de 2025.

Em 2024, o Pavs recebeu o AIPH World Green City Awards, superando iniciativas de Nova York e Denver na categoria Living Green for Health and Wellbeing, reconhecimento internacional que reforça a liderança de São Paulo em políticas de saúde ambiental.

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