No varejo, especialmente no popular, é comum ouvir: “Estamos vendendo mais do que no ano passado”. Mas será que isso significa que a empresa está lucrando mais? A resposta é: nem sempre.
Nos últimos meses, acompanho a realidade de muitos lojistas nas periferias. O valor nominal das vendas pode até ter subido, mas os custos para manter a empresa funcionando cresceram ainda mais. A inflação real nos bairros de menor renda – com aumento de aluguel, energia, transporte e mercadorias – costuma superar os índices oficiais. Além disso, há o peso do chamado “Custo Brasil”: tributos, encargos e taxas que corroem a margem dos pequenos negócios.
O resultado é que muitas empresas estão vendendo mais, mas com lucro cada vez menor. E no varejo popular, onde o consumidor é altamente sensível a preços, o lojista muitas vezes evita reajustes, mesmo com seus próprios custos disparando.
O que fazer para reverter esse quadro?
Rever o mix de produtos é essencial: dê prioridade aos itens com maior margem e corte aqueles que vendem muito, mas trazem pouco retorno. Controle os custos invisíveis como taxas de cartão, embalagens e logística — pequenas despesas que, somadas, impactam fortemente o caixa.
Precifique com inteligência, com base na margem real e não apenas no valor do concorrente. Treine sua equipe para reduzir desperdícios, erros e retrabalho. Implante rotinas de controle para evitar perdas de estoque e tempo.
Tecnologia é aliada. Ferramentas de automação e inteligência artificial ajudam a planejar melhor, reduzir excessos e aumentar o ticket médio. Use dados para criar promoções mais assertivas e fidelizar clientes.
Não se esqueça da gestão tributária. Revise o enquadramento fiscal, busque incentivos legais e mantenha a regularidade das obrigações — isso pode gerar economias relevantes.
Mais do que vender mais, é preciso lucrar mais. Gestão, controle e estratégia são os pilares para garantir a sustentabilidade do negócio.
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