Alface, ora pro nobis, capuchinha, peixinho da horta, tomate, cana-de-açúcar, alfavaca, pitanga, cebola. Estas são algumas das plantas encontradas na Horta da Mata, que leva sustentabilidade para a Cohab 2 há dois anos, no terreno localizado nos fundos da quadra esportiva da Rua Major Vitorino de Souza Rocha.
A Horta da Mata, que leva sustentabilidade para a Cohab 2, além de muito verde e educação ambiental, é uma iniciativa do Grupo Da Mata, coletivo focado em cultura e sustentabilidade que surgiu há três anos dentro do Ponto de Cultura Humaitá (desativado em 2017) e atua ao lado dos grupos Guerreiros de Fé, Lelê de Oyá e Sucatas Ambulantes, que formam o Cordão Folclórico de Itaquera.
INÍCIO
A ocupação do terreno começou com o Arraiá Maluco, uma festa junina entre amigos que, neste ano, teve sua sétima edição. Em 2017, eles decidiram criar a horta para transformar o espaço, que era utilizado pelas pessoas para descartar lixo e entulho. O trabalho foi feito aos poucos, com recursos próprios, e o intuito sempre foi o de deixar o lugar mais verde, mais bonito, mais agradável e mais sustentável.
“É difícil as pessoas criarem vínculo com o lixo. Agora, com o lugar mais bonito, é muito mais fácil que elas se identifiquem. E isso é importante porque, ao não se identificarem, os moradores da periferia passam a valorizar o que está fora e acabam tratando o próprio lugar como segundo plano”, diz Iago Quinas Araújo, 27, gestor do grupo.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Embora seja cercada por grades de um lado, a horta tem acesso livre. A ideia é que as pessoas se aproximem, frequentem, plantem e colham. Iago vai para o espaço todas as manhãs e regularmente são organizados mutirões de cuidados e atividades educativas.
A ideia é ampliar a atuação conforme mais pessoas se juntem ao coletivo, onde a liberdade é uma aprendizagem.
“Nesse espaço, a educação ambiental é feita no processo. Quando a pessoa passa pela horta e
estamos recolhendo o lixo ou colhendo uma planta, isso desperta algo nela. Ainda levam lixo pra lá, mas diminuiu muito. Não é do dia para a noite que vamos ter a solução. Não
plantamos uma semente e no dia seguinte temos uma flor. Aprendemos ao trazer o processo da natureza para a nossa vida e sendo pacientes com todos e com tudo, inclusive com quem pisa em uma planta que acabei de plantar ou faz a colheita de forma errada. Temos que entender”, analisa Iago.
CULTURA
A sustentabilidade não é o único foco do Grupo Da Mata. O coletivo também trabalha na articulação cultural da região e no fomento a artistas e produtores culturais. No primeiro semestre deste ano, foram contemplados em um edital da Prefeitura com o projeto Criativa Cohab 2, que terá duração de 10 meses e promoverá 8 encontros para discutir e fomentar a economia criativa.
Ao final do processo será criado um roteiro pelos polos de cultura da região. “Entendemos que a sustentabilidade não é só ambiental, mas também social e econômica. Para aproveitar esse meio-ambiente que queremos preservar, as pessoas precisam ser valorizadas, inclusive os artistas e produtores de cultura. E é isso que queremos fazer nessa rede”, diz Uriel Barbosa Lira Cunha, de 24 anos, também gestora do coletivo.
A motivação para criar o Grupo da Mata e a Horta da Mata veio da ligação destes jovens com a
natureza e também da história de muitos deles com a Cohab 2. Iago, por exemplo, nasceu e foi criado na região. Sua família esteve presente em todo o movimento de busca por moradia, saúde e educação e, agora, ele acredita que é a hora de a comunidade se mobilizar pela cultura e pela sustentabilidade.
“Quem hoje está puxando este movimento pela cultura viu alguém, lá atrás, envolvido na mobilização por moradia e sabe da importância de se envolver e ir atrás”, diz.
BANCO DA LUA
Baseados em conceitos da Permacultura, uma sistema de design para a criação de ambientes humanos sustentáveis que aproveita todos os recursos disponíveis, o coletivo Da Mata construiu, junto à horta, o Banco da Lua. Ele foi feito utilizando entulhos, terra, pedra e materiais que foram recolhidos no próprio local. Esse banco é um marco porque foi a primeira construção do espaço. Neste ano, ele foi reformado, ainda usando entulhos e materiais encontrados no terreno. O nome, banco da lua, foi escolhido por causa do formato do banco, que convida a um bom papo.
CONTATOS GRUPO DA MATA
Instagram: @damatagrupo e Facebook: @grupodamata
Por Maisa Infante
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