Leandro Alves Martins. Este é o nome do idealizador e fundador da Escola de Samba Leandro de Itaquera, que nasceu de um presente ofertado à sua filha, Karin. O pedido foi feito por ela e, como um bom pai, ele não resistiu e foi logo tomar as providências necessárias para transformar este sonho em realidade.
“Seu” Leandro, como é chamado por todos, chegou com dois anos de idade em Itaquera com a família. Eles vieram de Duartina, uma cidade do interior do Estado que fica próxima a Bauru, e nunca mais saíram da região. Segundo “seu” Leandro já são 65 anos como morador.
Microempresário desde os 16 anos de idade, ele sempre trabalhou no comércio. Começou com as suas atividades no Brás, no setor de autopeças, mas logo se instalou em Itaquera também para trabalhar, onde passou ainda pelos segmentos de hotelaria e de carros.
“Ele tem um coração maravilhoso. É um pai de quem não temos o que reclamar. Hoje avô, bisavô. Sempre foi atencioso e dedicado. Só pelo fato de montar uma escola de samba por amor à filha, você têm uma ideia. E como presidente da Leandro, como profissional sempre foi um administrador, um comerciante”, declarou a filha Karin.
Ela conta que conheceu o Carnaval com a família através da escola Falcão do Morro Itaquerense, aos 4 anos de idade. “Foi depois que ficamos um ano sem desfilar que surgiu a ideia de pedir uma escola de samba de presente para meu pai. Na época eu tinha 9 anos. E foi na hora de soprar as velinhas que veio essa vontade, esse desejo. Já estava na alma, a energia e o amor pelo Carnaval”, completou a filha, cheia de orgulho pelo pai.
DO PEDIDO À REALIDADE
Então, depois de algumas reuniões com amigos sambistas, “seu” Leandro contou a novidade à filha. Já são 34 anos e a paixão pela agremiação só aumenta. “O pedido foi feito em uma festa de aniversário onde estavam vários amigos. Então nós decidimos numa plenária fundar uma escola de samba. Depois de vários nomes sugeridos, o nome que ganhou foi Leandro de Itaquera. Tentamos mudar o nome por três vezes, mas as pessoas que a fundaram, que são realmente ‘leandrenses’, não concordaram. Mas isso foi lá no início. Hoje este nome é internacional”, relembra “seu” Leandro.
Mas será que depois de tantos anos com o Carnaval, dá para desvincular o nome pessoal do nome profissional? “Hoje não dá mais. O trabalho que eu fiz no samba, não só na Leandro, mas no Samba de São Paulo, como o do Sambódromo, que foi um trabalho meu junto à prefeita Luiza Erundina, nos cinco anos como presidente da Liga das Escolas de Samba de São Paulo, foi muito grande. Então, realmente, hoje não dá mais para desvincular este nome. Leandro de Itaquera é meu nome sambístico da cidade de São Paulo. Não tem mais jeito.”
Então pode-se dizer que é uma história unificada? “Eu acho que sim. Do nome próprio para uma escola de samba. Do bairro que eu amo que é Itaquera. Fico muito feliz por tudo isso. Hoje costumo dizer que temos mais de três mil filhos. Esse samba que nós reeditamos de 89, que a Eliana de Lima cantou, já não é mais um samba de Itaquera, é um samba da cidade de São Paulo. É um dos poucos sambas paulistas cantados no Rio de Janeiro, que fala dos filhos da Leandro de Itaquera”, conta com brilho nos olhos.
CARNAVAL 2017
Quanto aos preparativos para o Carnaval 2017, a agremiação vermelha e branca que tem como símbolo o Leão levará para a passarela do samba “Babalotim – A história dos Afoxés”. “A Leandro está muito bem. É um samba-enredo muito falado, muito cantado, com carros-alegóricos fantásticos. É um trabalho muito grande em termo de fantasias para quem sabe este ano realmente possa trazer a escola para o Grupo Especial. O trabalho é intenso. Eu dedico nesta época do ano pelo menos 20 horas de trabalho à Leandro.”
O presidente destaca que não há outro jeito se não for este. “É muito carinho, muito amor, muita dedicação para colocar uma escola na avenida. Aí é só esperar o grande dia, 26 de fevereiro, às 22 horas, que será a partida da Leandro de Itaquera rumo ao título de 2017”, exclama.
PAI E AMIGO
“Seu” Leandro virou um paizão pra toda esta turma. “A gente é pai, é filho, é conselheiro. Costumo dizer que sou até um delegado para tanta coisa que tem que resolver. Mas a emoção ao entrar na avenida é algo inexplicável. Você vê uma comunidade cantando o seu hino, em prol de uma vitória. Digo que o carnaval do Grupo de Acesso hoje é um dos mais disputados da história. Tenho certeza que este ano o ‘papai do céu’ vai olhar por nós. Caímos com aquela chuva que deu e foi muito difícil.”
ADMINISTRADOR
Sobre como desempenhar este papel de presidente de escola de samba, ele relembrou uma declaração que deu repercussão. “Eu falei uma vez, na época do Sambódromo, que o presidente de uma escola de samba – isso faz mais de 20 anos – consegue administrar o Brasil. Nossa, deu a maior repercussão! Olha, você faz com pouco dinheiro um Carnaval gigante. A pessoa realmente tem que ser um grande administrador.”
Então, diante de todo este universo de magia e muita dedicação, como “seu” Leandro se classificaria em uma palavra? “Hummm… Amor. Se não tiver amor, não tem jeito”, finaliza o grande administrador que tem ao lado o mestre Pelé, à frente da bateria, e como intérprete Daniel Colete, que recebeu o convite da vice-presidente Karin. “Vamos fazer um carnaval campeão.”
QUADRA
Tanto “seu” Leandro como Karin falaram da necessidade da Leandro de Itaquera voltar a ter uma quadra. Atualmente sem endereço em decorrência dos eventos da Copa, desde então eles vêm lutando por um espaço na região central do bairro. “Hoje estamos aqui na praça da Estação, e quero agradecer ao Roberto Manna por isso. Ele nos deu muita força. Mas precisamos de um espaço nosso, principalmente pra retribuir à nossa comunidade com projetos educativos, sociais, esportivos. Espero que os nossos líderes, políticos e todo o pessoal de Itaquera, comerciantes, principalmente com esta nova gestão, onde temos o privilégio de ter um morador à frente da prefeitura regional, que nos apoie para termos um espaço digno para a Leandro”, frisaram.
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