Embora ocorra uma ampla informação sobre os males causados à saúde pelo tabagismo e que se trata de um fator de risco cardiovascular, o hábito de fumar é a maior causa de mortes evitáveis. No Brasil, estima-se que aproximadamente 22 milhões de pessoas façam uso do tabaco. No mundo, um bilhão.
Os fumantes têm risco de morte súbita até quatro vezes maior. Além disso, o vício aumenta as chances de infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral (conhecido como derrame), angina e outras doenças, como o câncer.
A nicotina ainda estreita as veias, artérias e outros componentes do cigarro lesam o endotélio, a camada de revestimento interno dos vasos, causando lesões nos tubos.
O PSICOLÓGICO
De acordo com Jennifer França, psicóloga e diretora científica do Departamento de Psicologia da Socesp, existem fatores psicológicos que estão ligados ao hábito de fumar, presentes de maneira muito intensa em alguns fumantes.
Ela destaca que, para combater a prática, é importante saber quais são os gatilhos, ou seja, em que situações o uso do tabaco é feito.
“Os fumantes não são iguais. Eles têm uma relação diferente com o cigarro. Tanto que alguns fumam mais e outros, menos. Fatores como prazer, hábito, redução da tensão, manipulação e estimulação, são partes importantes nesse processo.”
O cardiologista e presidente da Socesp, dr. Ibraim Masciarelli Pinto, salienta que, embora a sociedade e a indústria contribuam para a existência do tabagismo, a responsabilidade de abandonar o vício é do fumante.
O problema, além ser prejudicial à saúde, principalmente do coração, prejudica também os cofres públicos. “É imensa a responsabilidade dos fumantes quanto ao esforço para abandonar um vício letal e muito prejudicial às suas famílias, à sociedade e ao nosso País, que gasta cerca de R$ 20 bilhões por ano para tratar doenças provocadas pelo tabagismo”, alerta o médico.
OS GATILHOS
Jennifer explica que, para largar o vício, é importante que o tabagista procure a ajuda de uma equipe multidisciplinar, formada por médicos, nutricionistas e psicológicos, que lhe auxiliarão com tratamentos específicos em sua mudança comportamental, além de ter força de vontade e querer parar. “Largar um vício nem sempre é fácil, mas os benefícios são muitos, principalmente se pensarmos nos relacionados à saúde física e mental”, ressalta.
GATILHOS PSICOLÓGICOS
QUE DEVEM SER EVITADOS
Prazer: quando confortável ou relaxado, o indivíduo sente vontade de fumar. Por exemplo, após as refeições ou assistindo televisão.
Manipulação: quando segurar o cigarro é algo importante. A situação normalmente ocorre quando a pessoa não sabe o que fazer com as mãos. O ritual de acender o cigarro, abrir um novo maço e olhar a chama faz parte do processo.
Hábito: quando a pessoa sempre fuma em determinadas situações. Nem pensa antes de acender o cigarro, o faz automaticamente, às vezes até sem perceber. Em alguns momentos, nem fuma o cigarro inteiro, porque não está de fato com vontade. O quadro é desencadeado por um comportamento automático.
Estimulação: fuma-se para ampliar a sensação de estímulo. Habitualmente, o indivíduo tem vontade de fumar quando vai iniciar uma tarefa. Muitas vezes, sente-se desanimado, desmotivado ou sobrecarregado e busca o cigarro como potencializador para driblar esses sentimentos e levar a vida adiante.
Redução de tensão: o indivíduo sente necessidade de fumar quando está nervoso, preocupado, tenso, ansioso ou triste. O cigarro torna-se o meio de escapar dessas experiências extremamentes desconfortáveis.
ALERTA MUNDIAL
O Dia Mundial Sem Tabaco é lembrado anualmente no dia 31 de maio. A data foi criada em 1987 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como marco na luta contra o grave problema, considerado uma epidemia global. O fumo mata seis milhões de seres humanos por ano, com projeção de crescimento para oito milhões em 2030.
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