No dia 5 de julho, o departamento de oncologia pediátrica do Hospital Santa Marcelina recebeu o cheque de R$ 17.948, correspondente ao valor do salário líquido do Prefeito João Doria. Dinheiro este que ajudará, e muito, àqueles que lá buscam por tratamento.
Isso porque o departamento de oncologia pediátrica atua em parceria com a Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer (Tucca). Em 15 anos de atividades, já foram atendidos mais de dois mil pacientes, atingindo taxas de cura próximas a 80%, índice de 60% acima da média brasileira, igualando somente a dados da Europa e dos Estados Unidos, de acordo com as informações divulgadas pela própria Prefeitura.
Mas, diante de tanta responsabilidade, será que este importante órgão de saúde espera todo mês por uma ajuda como esta ou vai atrás de outros meios para dar continuidade aos seus tratamentos? Claro que seus administradores estão sempre à procura de outras fontes. Toda ajuda é bem-vinda, sempre, independente do valor.
Agora, saindo do campo da saúde, será que é fácil encontrar ajuda para uma cidade como São Paulo, cheia de complexidades, desigualdades e desequilíbrios quanto à sua infraestrurura? Os bairros desta grande metrópole estão agonizando e acumulam os mais diversos problemas e necessidades que nem sempre estão ao alcance de serem solucionados, por inúmeros motivos. E aí entram em cena as chamadas “alternativas”.
Já foi mais do que divulgado pelos integrantes da nova gestão que o rombo nas contas da Prefeitura é enorme e que não há recursos para dar continuidade a muitas das obras que tiveram início na gestão anterior. Aliás, muitas obras começaram a ser gradativamente paralisadas antes do término do governo anterior. Pois bem, mais uma vez, o que fazer? A cidade não pode ficar sem reparos, assim como acontece com os tratamentos da Tucca, que não podem parar.
O dinheiro da Prefeitura vem através de várias fontes, como pagamentos de tributos, multas, do governo Federal, do governo Estadual… e por aí vai. Mas o que se tem em caixa pelo visto não está sendo suficinte. Então, mais uma vez, o que fazer? Só resta correr atrás de outras alternativas para minimizar o máximo que der dos problemas. No caso da zeladoria dos bairros, este está sendo o “calcanhar de Aquiles” da gestão atual. Sem dinheiro e com licitações para serem concluídas, os problemas estão se multiplicando. Nesta edição o Jornal Desenvolve Itaquera traz vários exemplos.
É como na casa da gente: se não cuidamos, não fazemos a manutenção e consertamos o que quebra na hora, tudo vai acumulando até que “um dia a casa cai”. E, se não vier abaixo, com certeza ficará inabitável, com o passar dos anos. O mesmo acontece com o bairro onde moramos.
Neste momento, a Prefeitura encontrou nos mutirões a alternativa mais viável para melhorar a zeladoria dos bairros e dos parques. Através da ajuda dos moradores onde a ação acontece, a Prefeitura viabiliza os materiais e assim ocorre a limpeza de praças, a pintura de guias, o corte do mato, entre outros serviços. A iniciativa é positiva, sem dúvida, mas na prática parece estar ocorrendo uma inversão de valores: de estar sendo depositada em cima da população a responsabilidade em deixar um determinado espaço com a sua zeladoria em dia. É claro que todos nós, cidadãos, temos o dever de zelar pelo local onde moramos e vivemos, mas será que muitos moradores não estão assumindo a responsabilidade de deveres que são do município? Isso não significa que as pessoas não podem ajudar. Pelo contrário. Mas dentro do que lhe é cabível, possível e seguro, preparado para que não corra riscos de se acidentar.
É como mostramos no início deste editorial. O ato do Prefeito em doar o seu salário a instituições diferentes todo mês é algo voluntário. Não foi imposto por ninguém. Ele assim o faz pelo fato de se sentir bem e de não ocorrer nenhum prejuízo a si mesmo. O mesmo pode ser direcionado a qualquer tipo de ajuda, em qualquer situação. Ela deve vir voluntariamente, sem cobranças. E não importa o seu tamanho. Tudo é sempre bem-vindo.
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