A luta por um destino digno para o antigo Shopping Artur Alvim — conhecido carinhosamente como “Shopping Coquinho” — voltou à pauta da cidade de São Paulo. Após a rejeição da proposta em 2024, a ideia de desapropriação foi reapresentada no Orçamento Cidadão 2026, ganhando novo fôlego com apoio da comunidade da Zona Leste.
A proposta, de número 2126 na plataforma Participe+, foi novamente protocolada pelo pesquisador e ativista Renan Facim, sugerindo transformar o imóvel abandonado em um equipamento público de interesse social, como um hospital geral, centro cultural ou unidade do SESC.
Imóvel subutilizado e endividado
Construído em 1991 e fechado desde 1994, o shopping possui 27.243 m² de área construída e chegou a abrigar 171 lojas. Localizado entre os bairros Artur Alvim e Cidade A.E. Carvalho, o imóvel acumula mais de R$ 38 milhões em dívidas de IPTU. Seu abandono contribui para a proliferação de pragas, insegurança e desvalorização do entorno.
A proposta de desapropriação se apoia na ideia de que o imóvel não cumpre sua função social e pode ser transformado para atender demandas urgentes em saúde, cultura e lazer.
Histórico e resistência
Em 2024, uma proposta semelhante de Facim foi analisada e rejeitada pela Prefeitura, que considerou a iniciativa “inviável” por depender de instâncias além da Secretaria Municipal de Saúde. Ainda assim, o movimento popular persistiu.
Este ano, com nova argumentação e articulação junto ao Conselho Participativo Municipal (CPM) da Penha, o projeto será reavaliado. As audiências públicas do Orçamento Cidadão, abertas à população, começam em 12 de maio.
Um novo olhar para a Zona Leste
A reativação do debate sobre o futuro do “Coquinho” vai além da recuperação de um imóvel: representa uma reivindicação por dignidade urbana e valorização da periferia. A região, que inclui bairros como Jardim Nordeste, A.E. Carvalho e Jardim Coimbra, tem alta densidade populacional e carência histórica de equipamentos públicos.
A proposta reforça que o espaço pode ser uma resposta concreta a essas carências, promovendo inclusão, desenvolvimento regional e qualidade de vida. A comunidade segue mobilizada, e a proposta pode ser acompanhada e comentada na plataforma Participe+, com chance de integrar a Lei Orçamentária de 2026, caso aprovada nas próximas etapas.
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