Aos 74 anos, aposentado Hélio da Silva revitaliza área degradada e inspira movimento nacional de reflorestamento urbano
Na Zona Leste de São Paulo, o que antes era um corredor cinza de abandono e degradação às margens do Córrego Tiquatira, na Penha, hoje é um vibrante exemplo de floresta urbana. Essa transformação ambiental, que abrange mais de três quilômetros de extensão, tem um protagonista singular: Hélio da Silva, um aposentado de 74 anos que mora na região há mais de seis décadas e já plantou mais de 42 mil árvores no local.
Movido pela indignação diante do abandono da área, Hélio iniciou, em 2003, uma missão pessoal: transformar o espaço em uma floresta urbana em 10 anos. Apesar do ceticismo de familiares, que temiam pela segurança do local, ele persistiu. Em seus fins de semana, com adubo e mudas, passou a plantar árvores sozinho, registrando cada uma delas.
Hoje, o Parque Linear Tiquatira abriga 164 espécies nativas da Mata Atlântica, como ipês, jatobás e araucárias, além de cerca de 3 mil árvores frutíferas, entre jabuticabeiras e goiabeiras. A diversidade é tamanha que a temperatura no parque chega a ser até 5°C inferior à das áreas urbanas ao redor, segundo estudos.
A área, antes evitada pela comunidade, agora é ponto de encontro para famílias, piqueniques e lazer. A iniciativa de Hélio ganhou notoriedade nacional: segundo a Fundação SOS Mata Atlântica, sua história inspirou mais de 300 grupos de reflorestamento urbano em todo o Brasil.
Mesmo aos 74 anos, ele segue firme: planta até 60 mudas por dia em períodos de chuva e tem como meta atingir 50 mil árvores. “Plante uma árvore e converse com ela; ela se tornará sua amiga”, diz o guardião do Tiquatira, que também participa de palestras e ações educativas sobre meio ambiente.
Mais que reflorestar, Hélio regenerou uma comunidade — provando que ações individuais podem mudar o mundo.











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